domingo, 26 de dezembro de 2010

Recontos de Natal

Noite de Natal olhei o relógio e conferi  quanto aquele engarrafamento me custara, chovera tanto neste dia. Afinal de contas por que eu tinha deixado tudo para hoje? Um acontecimento atrás do outro e pronto, não comprei um presente de natal. Desci do carro e percebi a rua vazia, um miado de gato ao longe e uns cachorros revirando o lixo. Qual desculpa dar, ontem também foi um dia incomum e meu carro só ficou pronto às 22 horas, ainda bem que seu Nonho é um cara bacana, apesar do sermão pelo meu descuido. Que ar gélido, deve ser o efeito estufa – pensei  - imagine esse frio em pleno verão!  São sons de guiso ou estou ficando maluca? Um vulto passou atrás de mim senti que subia e depois parava. Oxente o que é isso? Peraí sons de guisos? Papai Noel?
- Sou eu mesmo – ouvi nas minhas costas, voltei rapidamente e lá estava ele.
- Cadê as renas, o trenó? Papai Noel estava em um carro conversível prata-azulado todo grafitado com motivos natalinos
- Elas deram muito trabalho este ano sabe – comecei a perceber que papai Noel estava...magro, pasmei! – greves, disputas por liderança – ai o Elfo Herbe fabricou este protótipo biodegradável movido a água, ele irá se desintegrar assim que terminar de entregar os presentes.
- O senhor esta magro?!
- Gostou? Mantive esta roupa bem grossa pra que as crianças me reconheçam.
- Vai dizer que o senhor fez bariátrica? – tinha de perguntar isso.
- Não – hohoho – a risada era a mesma – Isso foi no Spa Polar dei até alguns tickets de brinde para uns gordinhos este ano.
- Ah por falar em presente tem algum que eu possa levar pro amigo secreto? – papai Noel coçou a cabeça e eu fiquei preocupada.
- Na verdade as caixinhas já foram, mas eu tenho aqui alguns sentimentos, felicitações – falou mexendo no seu saco.
- Ah legal! Tem amor?
- Não esse foi o primeiro a terminar, o pessoal tava bem carente.
- Alegria?
- Esse ficou uma boa parte na África e no Taiti
- Paz?
- Bem levei pro EUA, Irã, Iraque , Israel e as favelas do Brasil.
- Afinal Papai Noel o que tem nesse saco – já tava sem paciência
- Bem querida o que tem muito é esperança, sempre mando fazer três a mais pra cada um do planeta e vem com bônus da fé. Faça assim leve seis distribua três e no próximo ano troque por amor, alegria e paz. Concordei imediatamente, afinal era o papai Noel!

sábado, 25 de dezembro de 2010

Textos incompletos

O silencio da boca desnuda pela fala, aportou em um dia de sol no lado esquerdo de um seio que teimava em endurecer o mamilo lembrando de uma mariposa nascida no Japão. O sorriso de canto cumprimentou o silencio da boca e lhe fez acreditar ser seu único amigo. O silencio da boca por sua vez jurou fidelidade e sigilo eterno. O sorriso secretamente jurou a si mesmo fidelidade e lealdade quando fosse possível, pois não poderia perder seu formato diante os infortúnios que poderiam surgir pelo caminho da vida.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Meditação e indolência!

Ter a coragem de rever, retroceder e olhar tudo do inicio, sim inverter o prisma. Estes foram dias especiais, uma entorse deu-me um momento especial, sim de parar, ficar quieta, interna, meditar e rever atitudes, padrões. Vejo que aproveitar o tempo e não xingar o destino trouxe-me a glória de poder me cuidar. Tive nesses dias a bela companhia do livro de Pietro Ubaldi A Lei de Deus, a companhia de minha mãe, a delícia da minha filha. Meu marido reclama neste instante rindo que roubei o seu livro, riu, que nada este livro veio pra mim trazido por ele. Precisamos, acredito, estar aberto a esses toques do universo e não deixar de modo algum a oportunidade passar. Viva voltei a meditar e ainda tive dias ótimos de uma deliciosa preguiça! Ana Paula Mira.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Botões de Laranjeira

E a poesia seria perfeita se eu fizesse um circulo num único traço



Pensei viver só de amor
Sorvê-lo através das flores
Deitado na relva num dia
nublado de outuno
Enraizar-me no chão,
cravando minhas unhas e afundando na terra
Assim saberia a dor do capim,
a história das ervas, quantas gotas de chuva molharam as pétalas das rosas
e quantos narizes passaram por seus antepassados
Quantas juras de amor ditas
quantas camas de amor forraram
Pensei em viver só de amor
e num instante me transportei ao centro do universo dentro da Casca de Noz que Shakespeare me ofereceu num cálice do tempo.

Sapatos, sapatos, me vejo puxada, engolida e ao mesmo tempo aninhada por estes, sensuais, sexuais, paradoxais, feminilidade, praticidade. Vejo me levada, no envelo de tê-los, sou eu aos meus pés, ou ele dominado pela volupia de estar aos pés? Levada sim pela cores, texturas, cheiros...regionais, globais ou modernos. A história contada a cada passo, scarpins, chinelos. O sapato de cinderela ou a síndrome da boneca de luxo, rodo a baiana, certa, metendo meus pés num all star para andar por Arembepe, cabelos soltos, pés calçados sorvendo o mel dos ventos entre as pernas. Céu, chanel, profundo ou superficial. Ah, vou chutar as sapatilhas, pés livres, indigenas, tupi-guarani de tez ariana, ancas negras e coração de tigre siberiano, alma estelar em um espírito celta.


Caminhava em silêncio pela manhã, um silêncio tão absoluto que a plumagem do sabiá tocava meus timpanos como os sinos da matriz de Santo Antonio. Um silêncio tão profundo que o pulsar do meu sangue em minhas artérias responderam a pergunta que tinha me feito calar naquele instante: a morte se limita a minha compreensão.
O amor é o melhor caminho!
Pulei em meu coração
Encontrei a força
Encontrei o sorriso
Encontrei o carinho
Encontrei minhas memórias
Encontrei a coragem
Encontrei meus olhos
Eles me confortaram e disseram siga em frente
Virei a esquina de minha alma
E vi a terra segura
Fresquinha
Esperando meu corpo em suas águas
E minhas moléculas misturaram-se a energia do amor de suas flores e de seus espinhos. Ana Paula Mira