quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Botões de Laranjeira

E a poesia seria perfeita se eu fizesse um circulo num único traço



Pensei viver só de amor
Sorvê-lo através das flores
Deitado na relva num dia
nublado de outuno
Enraizar-me no chão,
cravando minhas unhas e afundando na terra
Assim saberia a dor do capim,
a história das ervas, quantas gotas de chuva molharam as pétalas das rosas
e quantos narizes passaram por seus antepassados
Quantas juras de amor ditas
quantas camas de amor forraram
Pensei em viver só de amor
e num instante me transportei ao centro do universo dentro da Casca de Noz que Shakespeare me ofereceu num cálice do tempo.

Sapatos, sapatos, me vejo puxada, engolida e ao mesmo tempo aninhada por estes, sensuais, sexuais, paradoxais, feminilidade, praticidade. Vejo me levada, no envelo de tê-los, sou eu aos meus pés, ou ele dominado pela volupia de estar aos pés? Levada sim pela cores, texturas, cheiros...regionais, globais ou modernos. A história contada a cada passo, scarpins, chinelos. O sapato de cinderela ou a síndrome da boneca de luxo, rodo a baiana, certa, metendo meus pés num all star para andar por Arembepe, cabelos soltos, pés calçados sorvendo o mel dos ventos entre as pernas. Céu, chanel, profundo ou superficial. Ah, vou chutar as sapatilhas, pés livres, indigenas, tupi-guarani de tez ariana, ancas negras e coração de tigre siberiano, alma estelar em um espírito celta.


Caminhava em silêncio pela manhã, um silêncio tão absoluto que a plumagem do sabiá tocava meus timpanos como os sinos da matriz de Santo Antonio. Um silêncio tão profundo que o pulsar do meu sangue em minhas artérias responderam a pergunta que tinha me feito calar naquele instante: a morte se limita a minha compreensão.
O amor é o melhor caminho!
Pulei em meu coração
Encontrei a força
Encontrei o sorriso
Encontrei o carinho
Encontrei minhas memórias
Encontrei a coragem
Encontrei meus olhos
Eles me confortaram e disseram siga em frente
Virei a esquina de minha alma
E vi a terra segura
Fresquinha
Esperando meu corpo em suas águas
E minhas moléculas misturaram-se a energia do amor de suas flores e de seus espinhos. Ana Paula Mira

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